M&A logístico mantém ritmo mesmo em cenário de incerteza

Mesmo diante de um contexto macroeconômico instável, o mercado global de M&A logístico segue aquecido. De acordo com o relatório Transportation & Logistics M&A Pulse, Q4 2024, elaborado pela PMCF Investment Banking, foram realizadas 511 transações globais no setor ao longo de 2024, representando queda anual de 5%, mas ainda refletindo um volume robusto.

Já no primeiro trimestre de 2025, dados da R.L. Hulett & Company mostram que o setor registrou 250 negócios, crescimento de 3,3% em relação ao trimestre anterior, mesmo com retração de 4,9% ante o mesmo período de 2024. Esse movimento confirma que, em logística, volatilidade muitas vezes significa oportunidade.

Jefferson Nesello, sócio-fundador da ZAXO, boutique de M&A especializada em middle market, explica: “Quando tudo está muito previsível, os preços estão lá em cima. É nas incertezas que surgem os melhores negócios”.

Fusões e aquisições no setor logístico brasileiro

No Brasil, o ritmo de fusões e aquisições segue consistente. Estima-se que, entre janeiro e março de 2025, cerca de 40 transações tenham ocorrido no segmento de logística e transporte, mantendo a participação histórica de 8% a 12% do total de M&As no país. Embora dados detalhados ainda não estejam disponíveis, consultorias como PwC, KPMG e TTR Data apontam para estabilidade no volume de negócios.

Entre os casos mais recentes no país, destaca-se a compra, em setembro de 2024, de 48% da Santos Brasil pela CMA CGM, por R$ 6,3 bilhões. Já em abril de 2025, a Lenarge anunciou a aquisição da Zero Carbon Logistics, ampliando sua atuação em transporte sustentável, com expectativa de atingir faturamento conjunto de R$ 2 bilhões no primeiro ano após a fusão.

Digitalização e sustentabilidade impulsionam o M&A logístico

Segundo Ronaldo Rodrigues, senior associate da ZAXO, dados de um estudo com mais de 20 mil transações globais mostram que, em setores competitivos como logística, a incerteza tende a abrir janelas de negociação: “O impacto médio da incerteza reduz em cerca de 6,7% o valor dos ativos, mas quando há potencial de crescimento, esse desconto praticamente desaparece”.

Esse cenário tem favorecido operações de consolidação global. Entre as transações internacionais mais recentes estão a compra da DB Schenker pela DSV por €14,3 bilhões e a aquisição da divisão logística da turca Borusan pela CEVA Logistics, por US$ 440 milhões. Nos EUA, Schneider National e Ryder ampliaram presença adquirindo empresas regionais, enquanto a FedEx investiu em tecnologia ao incorporar a RouteSmart Technologies, especializada em inteligência artificial.

Oportunidades e desafios no mercado brasileiro

O mercado nacional segue como foco de investidores e operadores internacionais. De acordo com Leonardo Grisotto, sócio da ZAXO, “estamos numa janela de oportunidade. Pressão por eficiência e aumento de demanda faz com que grandes operadores logísticos, fundos e até players internacionais estejam com os olhos bem abertos para o mercado brasileiro”.

No Brasil, o setor é representado por 283 startups logtech ativas, quase metade delas voltadas à gestão logística. Com custos operacionais que somam R$ 749 bilhões, equivalentes a 12,7% do PIB (dados ILOS/CNT), a logística continua sendo prioridade para quem busca ganhos de escala, digitalização e sustentabilidade.

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