Money Report - M&A no agro soma US$ 76 bi e cresce 140% no Brasil

Setor mantém ritmo de consolidação, atrai capital estratégico e leva Agtech ao ranking das 10 verticais mais promissoras da América Latina

O mercado de Fusões e Aquisições (M&A) no agronegócio atravessa um ciclo de expansão global. Em 2024, as operações no setor somaram US$ 76 bilhões em 977 transações, segundo dados da GlobalData, refletindo um movimento de consolidação e inovação que também se intensifica no Brasil.

De acordo com levantamento da Zaxo Group, conduzido por Ronaldo Rodrigues, o agronegócio brasileiro registrou crescimento de 140% nas transações de M&A em 2024, com 12 operações, o melhor desempenho em cinco anos. O avanço contrasta com a leve desaceleração no primeiro semestre de 2025, que contabilizou cinco negócios, uma queda de 28,6% frente ao mesmo período do ano anterior.

Apesar da oscilação, o especialista aponta que a volatilidade pode ser uma oportunidade. “O agro tem uma característica única: a produção não para, e a demanda global se mantém constante. Isso permite que investidores encontrem valuations atrativos e retornos sólidos no médio e longo prazo”, afirma Rodrigues.

O estudo analisou mais de 20 mil transações realizadas entre 1990 e 2023 em 18 países e concluiu que, embora a incerteza econômica reduza o valor médio das aquisições em 6,7%, esse impacto cai para menos de 1% quando o ativo tem alto potencial de crescimento.

Fertilizantes e alimentos lideram movimentações

segmento de fertilizantes foi destaque em 2024, com nove transações. Entre as operações mais relevantes estão a compra de 50% da Mantiqueira Brasil pela JBS, avaliada em R$ 1,9 bilhão, e a aquisição do Grupo Safras por um fundo da AM Agro.

Os negócios envolveram diferentes perfis: cinco transações nacionaistrês de estrangeiros comprando ativos brasileirostrês de brasileiros adquirindo empresas fora do país e uma entre grupos internacionais com presença no Brasil.

Agtech entra no top 10 latino-americano

Um marco adicional foi a entrada do setor de Agtech entre as dez verticais de tecnologia mais atrativas da América Latina, ocupando a oitava posição no ranking da LAVCA. O segmento movimentou US$ 119 milhões em 2024, distribuídos em 37 rodadas de investimento, e superou áreas como logística, CRM e cleantech.

Startups de agricultura de precisão, IoT, inteligência artificial e automação de processos estão no centro dessa transformação, reforçando o papel do campo como vetor de inovação tecnológica.

“O momento de instabilidade pode ser o solo ideal para preparar novas aquisições. Assim como na terra, há o tempo de plantar e de colher”, compara Jefferson Nesello, sócio-fundador da Zaxo.

Para Leonardo Grisotto, também sócio da empresa, o apetite por ativos de alto potencial tende a aumentar em períodos de volatilidade. “A terra é um ativo que se valoriza de forma consistente. Mesmo em cenários adversos, o agro gera caixa e cria espaço para negociações inteligentes.”

Oportunidade em meio à incerteza

Segundo Rodrigues, cada 1% adicional em oportunidades de crescimento pode elevar o valor de um negócio em até 16%, chegando a 19% em mercados competitivos. “A volatilidade, quando bem compreendida, pode se transformar em vantagem estratégica para quem conhece o ciclo e sabe o momento de agir”, afirma.

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