Saúde é o 2° setor mais ativo em M&As – 1 negócio a cada 9 dias

Estudo realizado com mais de 20 mil transações entre 1990 e 2023 revela que, a cada 1% em crescimento potencial, o valor da aquisição aumenta em 16%, mesmo em meio às incertezas econômicas

Em meio a incertezas econômicas, pressões regulatórias e um cenário global de juros instáveis, o mercado de fusões e aquisições (M&A) na saúde não apenas resiste, mas evolui. Movimentado por grandes redes hospitalares, operadoras, laboratórios e farmacêuticas, o segmento acelera sua transformação por meio da consolidação, da diversificação e de uma corrida por escala e eficiência.

Segundo dados da PitchBook, o primeiro trimestre de 2025 apresentou uma desaceleração no volume de transações de M&A, reflexo natural de um ambiente global mais cauteloso. Ainda assim, o setor de saúde se manteve como um dos protagonistas desse cenário, respondendo por 8% do volume global de fusões e aquisições e por 10,7% do valor total movimentado, o equivalente a US$ 112,6 bilhões.

Entre 2003 e 2023, o setor de saúde no Brasil registrou 817 transações de M&A, posicionando-se entre os 10 segmentos mais ativos no país, é o que mostra o levantamentos realizados pela KPMG. Segundo estudos do setor, nos últimos anos, aproximadamente 500 dessas transações geraram um faturamento conjunto de quase R$ 90 bilhões. Essas operações foram lideradas por grupos como Rede D’Or, Intermédica, Dasa, DaVita, Hapvida, Fleury, Oncoclínicas, Sabin, Viveo e Hermes Pardini. A pesquisa “Fusões e Aquisições 2023 – 4º trimestre”, conduzida pela KPMG, apresenta um ranking setorial acumulado de transações por setor desde 2004. Assim, o setor de saúde tem se mantido entre os mais dinâmicos no mercado de fusões e aquisições no Brasil, com uma média de uma transação a cada nove dias. Em momentos específicos, como em 2021, chegou a ocupar o segundo lugar em volume de negócios.

Assim, o setor de saúde tem se mantido entre os mais ativos no mercado de fusões e aquisições no Brasil, com uma média de uma transação a cada nove dias. Em momentos específicos, como em 2021, chegou a ocupar o segundo lugar em volume de negócios.

De acordo com levantamento da Bain & Company, só em 2023, 70% das transações no setor de saúde envolveram prestadores de serviços assistenciais, com foco na ampliação da base de atendimento. A tendência para os próximos anos aponta para uma movimentação cada vez mais estratégica, voltada também à entrada em novos elos da cadeia e a modelos de atendimento mais integrados e digitais.

Entre os movimentos mais relevantes, está a fusão das operações hospitalares da Diagnósticos da América (Dasa) e da Amil, criando uma joint venture com receita próxima de R$ 10 bilhões. Outro destaque foi a proposta da EMS para fusão com a Hypera, mirando a liderança absoluta na produção de medicamentos no país.

Para o sócio da Zaxo M&A Partners, boutique de M&A especializada em assessorar investidores e empresas, Leonardo Grisotto, o setor de saúde tem características únicas que favorecem esse dinamismo. “Empresas com boa governança, tecnologia embarcada e visão de longo prazo se destacam. A antecipação de movimentos do mercado, especialmente em saúde, onde há pressão constante por escala e qualidade, pode ser decisiva”, afirma.

Segundo ele, para cada 1% de incremento nas chamadas opções de crescimento da empresa-alvo, o valor do negócio pode subir até 16%. “Isso mostra como uma análise bem-feita é capaz de transformar incerteza em retorno real para o investidor”, completa.

A expectativa é que o ciclo positivo continue, e o setor deve continuar crescendo em 2025, impulsionado por lacunas nos portfólios, desafios logísticos e revisões regulatórias. A Zaxo, por sua vez, fechou um recorde de deals em 2024 e projeta superar R$ 600 milhões em valores transacionados em 2025, consolidando-se como uma das principais assessorias do país em M&As no setor de saúde. “Se há uma lição que aprendemos com o mercado global de M&A ao longo das últimas três décadas, é que a resiliência e a adaptabilidade são os maiores ativos. E, no Brasil, essas qualidades são essenciais para transformar o que muitos veem como risco em vantagem competitiva”, conclui Ronaldo Rodrigues.

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